quarta-feira, 28 de setembro de 2011
domingo, 25 de setembro de 2011
me senti enganada
Fui enganada pelo radici. Ele se fez passar por rúcula e veio parar na minha casa.
medianeras
... Então um dia você conhece alguém que simplesmente muda o andamento da sua vida. Você consegue lembrar de como eram os seus dias antes de conhecer essa pessoa? Pode ser um grande amor, um amigo, um professor, uma paixão. Seja quem for, há encontros que reescrevem a nossa história. É um novo caminho que será percorrido a partir dessas duas pessoas que agora se conheceram. Uma nova pessoa em nossa vida é uma nova vida. Agora o mundo será visto com outros olhos. Novas coisas serão compartilhadas. Sentimentos serão mortos e enterrados enquanto outros sentimentos nascerão, loucos para viver. Surge um novo ritmo. É uma outra música no play. Isso sem falar nas inúmeras pessoas e lugares que você conhecerá só porque conheceu essa pessoa. Conhecer alguém é um novo ponto de partida. Tá, e se vocês não tivessem se encontrado? E se você não tivesse saído de casa naquele dia? Se tivesse feito um outro trajeto? Se não tivesse feito a inscrição naquele curso? Se não tivesse feito aquela viagem? Se tivesse dito não? É por isso que eu sempre me inclino pro lado do sim.
Cruzamos diariamente por centenas e centenas de pessoas que consideramos insignificantes, mas talvez uma delas, se não tivéssemos simplesmente cruzado e sim encontrado, passasse a ter uma significância enorme em nossa vida. Talvez naquela pessoa, justo nela, encontrássemos o significado de muita coisa.
O filme Medianeras nos faz refletir sobre isso através de Martín, Mariana e um terceiro personagem: a cidade. Buenos Aires. 3 milhões de habitantes. É um filme urbano e justamente por isso fala sobre desencontros. Martín e Mariana moram na Av. Santa Fé, são vizinhos e nunca se encontraram. A película mostra a influencia da arquitetura sobre nós. Janelas, paredes, muros, o sentido das ruas, elevadores, escadas, portas, medianeras - elementos arquitetônicos que podem nos aproximar ou nos afastar de alguém. As coisas construídas. As coisas que não construímos. As oportunidades e as pessoas que deixamos passar simplesmente porque não as enxergamos. Medianeras mostra de maneira nua e crua a degeneração das relações socias e o excesso das relações virtuais. Como diz Martín: “Há algo mais desolador no século XXI que não ter nenhum e-mail na caixa de entrada?”. O filme tem observações pertinentes, é inteligente e contruído de forma delicada. E eu agora estou saindo daqui da frente do meu computador que eu tanto amo e vou dar uma volta na quadra.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
você saiu do padrão
amo sair do padrão. misturar estampas. fazer um caminho diferente. mudar de ideia. gosto de você no padrão. gosto de você fora do padrão. (retalhos de conversa).
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
terça-feira, 20 de setembro de 2011
chegar em casa
Chegar em casa ainda é, disparado, uma das melhores coisas da vida. Até arriscaria dizer que é a melhor mas acontece que sempre que estou viajando tenho essa mesma sensação: a de estar fazendo a melhor coisa do mundo. Há um confronto aí, mas tudo bem, na dúvida continuarei sempre com esses dois prazeres.
domingo, 18 de setembro de 2011
queria saber
... quem, em sã consciência, acorda às 2h da manhã, levanta da cama e abre um saco de cheetos bolinha para comer?! Quem?! Quem é que levanta de madrugada para fumar um cigarro? Você conhece alguém que acorda no meio da noite, olha o relógio e pensa: que legal, 3h da manhã, vou comer dois risoles! Ninguém tem esses desejos sinistros a não ser quando está viajando de ônibus. E pobre de quem pretendia continuar dormindo... Que Deus se apiede desses irmãos.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
florbela espanca
Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que pousam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
o micróbio do samba - adriana calcanhotto
Fui ao show para ouvir uma pessoa cantar e acabei ouvindo outra. A Adriana Calcanhotto que eu esperava encontrar não estava no palco do Theatro São Pedro. Encontrei uma artista que eu desconhecia, com seu talento genuíno, aquele talento que a mídia insiste em esconder de nós. Nada de rasgue as minhas cartas e não me procure mais, e sim, samba, um que de maracatu, frevo e marchinha de carnaval. Adriana estava ali para apresentar o seu álbum O Micróbio do samba e mandou muito bem.
Eu que passei a tarde ensaiando a letra dos sucessos das novelas, não tive a oportunidade de cantar bonito no show. No lugar das músicas de dor de cotovelo e das propagandas do Zaffari, eu ouví samba da melhor qualidade e quase morri de rir com uma artista que dança e encena no palco como poucas. Ela serve chá como uma gueixa, samba como o Cartola e imita uma mulher sem ginga para dançar. Ao lado dela, uma mesa com objetos que caem no samba no final de cada música. O som de um secador de cabelo fazendo voar todas as folhas da partitura. O som de xícaras, píris e colherinhas sendo organizados e desorganizados em uma bandeja. Isso sem falar na banda que roubou a cena algumas vezes; um trio que tocou baixo, percussão, bateria, violão, guitarra e cavaquinho. De chorar. O show teminou com chuva de purpurina e um bis surpreendente com rock'n roll e samba, mas muito samba mesmo.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
aquecendo para o show da gafanhoto
O nosso amor não vai parar de rolar. De fugir e seguir como um rio. Como uma pedra que divide um rio. Me diga coisas bonitas.
sigo aquecendo
Nada ficou no lugar. Eu quero quebrar essas xícaras. Eu vou enganar o diabo. Eu quero acordar sua família.
aquecendo para o show da gafanhoto
Depois de ter você, poetas para quê? Os deuses, as dúvidas. Pra que amendoeiras pelas ruas?
aquecendo para o show da gafanhoto
Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome. Cores de Almodóvar. Cores de Frida Kahlo.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
estranho
Eu acho estranho quem não se entrega ao amor que sente. Acho estranho quem tem medo do escuro. Quem não gosta de passar algumas horas sozinho. Quem não está nem aí para a estética. Quem não tem um sonho. Um sonho que seja. Eu acho tudo isso muito estranho. Os apáticos e desconfiados tambem me geram uma certa estranheza. Devo ser de outro lugar, que não o deles. A gente se estranha. Mas o que eu acho mais estranho mesmo, repito, é quem não se entrega ao amor que sente. Quem sabe onde encontrar a sua paz e sai correndo na direção oposta. Estranho.
domingo, 11 de setembro de 2011
sábado, 10 de setembro de 2011
o ó do borogodó
ok que a beleza é relativa, que gosto é gosto e não se discute. Concordo. Concordo e não discuto. Mas você beirar os 100 quilos, vestir uma calça jeans grudada feito adesivo na pele e caminhar em cima de uma salto agulha cor-de-rosa daí já é abuso. É uma sacanagem com quem está caminhando pela rua e tem que se deparar com uma cena dessas. Pronto, desabafei.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Zuckerberg & Abreu S/A
O texto abaixo não é meu mas compartilho aqui porque tem a minha assinatura no final dele, embora invisível. Eu assino embaixo. Compartilho aqui o texto do Carlos Thompson Flores - qualquer semelhança com o meu nome terá sido mera coincidência.
Sou fã do facebook. O orkut acabou, o twitter esfriou de vez e o MSN não tem mais razão de ser. O facebook sacia 98% das nossas necessidades na internet. Por que mandar um e-mail, se basta enviar uma mensagem? Pra que retuitar, se dá pra curtir (e ainda comentar... e ainda curtir o comentário...)? As listas de papel podem ser dispensadas em qualquer programação, bem como telefonemas e convites escritos. Nada mais prático e eficaz do que "criar um evento". O facebook é bonito, dinâmico e moderno; tudo isso sem perder a simplicidade (característica dos gênios). As propagandas e patrocínios não atrapalham, não enchem o saco, não prejudicam a aparência e a utilização do site. Isso tudo sem falar na facilidade em compartilhar músicas, vídeos, blogs e o que quer que seja. É uma rede social no seu conceito mais genuíno. Dá pra sentir os entrechoques de opiniões, o vai-e-vem dos acontecimentos, a rotina, os sentimentos, as novidades, o humor. O que ocorre no mundo passa por ali; e não passa ileso, incólume a uma crítica, uma opinião ou um gracejo. Organizam-se marchas a favor da maconha, missas, campeonatos de canastra da terceira idade... derruba-se ditadores e combina-se um ménage à trois. O facebook conecta os jovens com a mesma velocidade e intensidade das suas paixões efêmeras e garante contatos eternos, diários, entre pessoas que se conheceram apenas um dia, no meio da rua ou no meio da noite, no outro lado do mundo... o facebook conecta homens e mulheres maduros com velhos amigos do tempo da faculdade, do colégio, do "ginásio"; com o guri da casa da esquina, que jogava bola na calçada, mas só se consegue lembrar que seu nome era Pedro, filho do seu Silva. Pessoas que perderam contato há anos porque trocaram de telefone e endereço reencontram-se facilmente, desde que não tenham mudado de nome.
Sou fã porque vejo no facebook uma das poucas coisas que, hoje, beiram a perfeição. Beiram...beiram...
E o facebook beira porque também me irrita. A culpa não é dele nem de seus criadores, mas das pessoas que o utilizam de maneira errada; e o utilizam da maneira mais chata possível: estorvando com correntes ("Deus não vai te amar, nunca mais, se não colares isto no seu mural e mandares para mais 18 pessoas em 6 minutos"), com joguinhos imbecis ("fulano me deu a letra J. Banda: Jamiroquai, comida: Jaca"), com convites para todas as espécies de "villes" e aplicativos desagradáveis ("beltrano respondeu 3 perguntas sobre você"). Há aqueles que fazem questão de relatar com esmero todos os pormenores de cada segundo de sua rotina e cada nuance de seus sentimentos [Nossa Senhora!! Como isso me irrita!]. Eu sei perfeitamente o ciclo menstrual de várias amigas minhas só com base nos "aiii, xô TPM! Vou matar alguém hoje!". Eu sei quantas vezes meus amigos vão à academia, o que comeram no almoço, o que ESTÃO comendo; sei suas péssimas notas na faculdade e chego a ficar aliviado [ironia] quando, 15 dias depois, leio "passei no exame!! Uhull!". Eu sei, inclusive, quanto tempo cada formando está dedicando (ou não) ao seu TCC [pra mim, quem posta que está fazendo o TCC não está fazendo o TCC; está postando!]. Eu sei quem deu vexame na festa de ontem, quem vomitou e escorregou no próprio vômito, caiu e se machucou; quem dançou no pole dance... (não, não há discrição). E quando não é pra saber, mesmo assim eu sei, porque se comunicam abertamente, pois querem que os outros saibam... mas não podem contar. Usam piadinhas internas "ininteligíveis", gírias dúbias e piscadinhas de olho que não enganam nem a freira de 91 anos que cuidava do recreio no meu colégio. Tudo isso eu sei. Mas não queria saber. Juro por Deus que não queria saber!!
Outro dia li um desabafo no mural de um amigo meu: "Vocês vão acabar com o facebook! Assim como acabaram com o Orkut!". Dirigia-se a esse tipo de gente, cronistas do seu dia-a-dia, gente que descreve seus momentos com uma perfeição de invejar Nabokov, panfleteiros dos seus interesses, adeptos das correntes... um pessoal chato. Mas tudo bem... isso passa. Nada é perfeito. Vamos em frente.
Vamos em frente porque ainda não falei o que mais me irrita. Embora já tenha exposto várias coisas que, a meu ver, são desagradáveis, ainda resta uma que me deixa louco... que me faz levantar da cadeira e desligar o computador... que me deixa possesso! É a pior raça de usuários do facebook: QUEM CITA CAIO FERNANDO DE ABREU.
Nada pessoal. Nada contra este grande escritor gaúcho, que tanto nos orgulha e inspira. O cara é bárbaro, inteligente, seus livros são ótimos, mas a frequência com que suas frases surgem no meu feed de notícias beira o infinito. Às vezes fico me perguntando se, antes de morrer, Caio Fernando de Abreu teria feito um pacto secreto com o Mark Zuckerberg, pelo qual ficaria estipulado que 80% das citações postadas em seu futuro invento haveriam de ser de sua autoria; deixando os outros 20% para Carlos Drummond de Andrade (sempre presente), Clarice Lispector (não aguento mais!), Bob Marley (haja paciência!) e Bezerra da Silva (porque malandro é malandro e mané é mané. Sabe como é, né.). Churchill, Castro Alves, Heinrich Heine, Casimiro de Abreu, Goethe; esse pessoal estaria excluído do pacto e terminantemente proibido de aparecer. Estariam eles sofrendo bullying?
Brincadeiras à parte, peguei o Caio como exemplo disso tudo que odeio; poderia ter sido o Drummond ou a Clarice. É que, invariavelmente, fico pensando até que ponto aquela pessoa que os citou realmente os conhece. Sou um entusiasta com relação a todos os benefícios culturais que a internet nos traz, à facilidade com que chegamos a qualquer informação a respeito de qualquer coisa. A Wikipédia e o Google podem não servir para um trabalho científico da faculdade, mas saciam, momentânea e suficientemente, nossas dúvidas (e de maneira mais rápida e dinâmica que as velhas enciclopédias empoeiradas - e, por óbvio, desatualizadas -, que ocupam duas estantes inteiras das casas dos nossos avós). O problema está na superficialidade, na cultura pela metade; o que é perigosíssimo. Nada errado em citar Drummond... mas, você tem um livro de poesias dele? (É claro que não. Pois, se tivesse, já o teria sublinhado todo, rabiscado, feito suas anotações e o devolvido à prateleira.) Aliás, você já leu inteira a poesia à qual pertence esta estrofe? Você realmente sabe o que ele quis dizer com isso? Ele viveu no século XIX, XX ou nem morreu ainda? Tudo isso importa, "nada é sem razão de ser" (Schopenhauer, outro excluído, pobrezinho).
A cada citação, 18 "curtidas", 5 comentários... e o rebanho é levado a conhecer o autor por uma frase. Por uma sentença. E no próximo churrasco o estarão citando, e se apoiarão em Baudelaire para argumentar futebol, basear-se-ão em Maquiavel se o assunto for política... e viva o embuste!! A ignorância se retroalimenta. A meia cultura é, repito, perigosíssima. Outro dia, vi um desavisado católico citando Nietzsche. Linda frase, grande impacto, certeira... mas mal sabia ele que estava contida em um livro chamado "O Anticristo", onde o autor destrói o cristianismo. Há gente que pensa que o "cale-se" do Chico Buarque é um "cálice", desses de tomar vinho. Pobre Chico, pois há também quem cite aquele trecho: "amanhã vai ser outro dia". Claro que vai. Hoje é quarta; amanhã, quinta. Nem sonham que esse dia durou 21 anos de desrespeito à liberdade dos cidadãos brasileiros durante o regime militar. Pra mim, a gota d'água foi quando li um poema que desconhecia até então, cuja temática era, grosso modo, o problema dos ideais socialistas e a crítica da transferência das terras para os pobres. Tudo ia muito bem; o poema era até coerente. Ia bem... se não fosse, ao final, ter sido atribuído a Maiakovski. Eu não podia acreditar... não conhecia o poema mas sabia um pouco sobre Maiakovski. Teria Vladimir Maiakovski, o poeta da Revolução Russa de 1917, amigo pessoal de Lênin, que insuflava as massas a derrubarem e a matarem o Czar, um bolchevique convicto, partidário daqueles que instituíram o primeiro governo socialista/comunista da história da humanidade.... teria ele, em algum momento de sua vida, repensado seus ideais e escrito esse poema direitista?!?! Fui atrás. Descobri que o poema era da autoria de um brasileiro ultradireitista de quem nunca tinha ouvido falar, escrito às vésperas do golpe militar de 1964, impregnado de ideias anticomunistas. Era exatamente o contrário. 50 anos errado!! Esta não passou nem próxima da trave. Passou tão longe quanto o Brasil é da Rússia. Maiakovski deve ter dado um salto mortal dentro do seu túmulo. Logo ele, que escreveu um poema chamado "À esquerda, à esquerda, à esquerda". Reproduzo um trecho. Tirem suas conclusões:
"Camaradas, nós somos um rochedo de granito. Os bandidos da Entente se arremessam contra ele. Mas nada abaterá a Rússia Soviética. À esquerda, à esquerda, à esquerda! Eles não puderam furar os olhos atilados da águia que olha e compreende as lições do passado. Avante pois, meu povo, e já que o pegaste estrangula teu carrasco! A trombeta dos bravos já soou o alarme. Nossos estandartes aos milhares avermelham o céu. Só a rota dos traidores é que conduz à direita. À esquerda, à esquerda, à esquerda!"
Um erro imperdoável! Grotesco! Do tamanho da Rússia! Poderia ser qualquer outro, menos ele. Se tivesse sido atribuído ao Martinho da Vila estaria menos errado.
Antigamente falava-se muito em "intelectuais de orelha de livro". Saudade deles (também insuportáveis), mas que ao menos tocavam no livro. Hoje, o "copiar-colar" eterniza o erro. O mesmo erro. O "Ctrl+C, Ctrl+V" importuna a vida de quem faz bom uso das redes sociais, obriga-nos a ler quinhentas mil vezes a mesma passagem de "O pequeno príncipe" que lemos quando tínhamos 12 ou 13 anos; qual verdugo, nos tortura e massacra com frases manjadas e repetidas ad eternum. Não sou o dono da verdade. Não quero ser pedante. Não há problema em não saber. Conheci, durante a minha vida, muitas pessoas interessantíssimas que mal sabiam ler, pessoas agradáveis que viviam em um galpão, pessoas que falavam por si sobre o que elas achavam da vida (muitas vezes estavam certas) e - o mais importante - não escondiam sua ignorância atrás de autores com nomes complicados. Sabiam que nada sabiam (como Sócrates - que não é o jogador de futebol) e por isso já sabiam muito!!!
Não é necessário ler toda a Bíblia para citar Jesus Cristo; eu não li toda a obra de Sócrates para escrever a outra linha, mas tenho a mínima noção necessária para falar com segurança. Ninguém está isento de erros, mas nem por isso fala-se o que quer sobre qualquer assunto. Eu não falo sobre quadros, arquitetura, culinária, medicina... e eu não falo porque não sei. Eu não cito Clarice Lispector. E eu também gostaria de dizer que nunca li sequer UM livro da Clarice Lispector (atire a primeira pedra), mas ainda hei de ler. Eu nunca li "Morangos mofados" do Caio Fernando de Abreu e gostaria muito de ler; mas, quando eu ler, vou rabiscar todo o meu livro, marcar as melhores partes, devolvê-lo à estante e discutir com meus amigos num momento propício, pra não encher o saco de ninguém!
Nem tudo está perdido. Conheço muita gente que concorda com isso. Conheço gente que me faz rir no facebook, que posta fotos legais, vídeos interessantes, faz comentários sagazes, piadas boas, dá opinião, xinga. Conheço gente que não fala nada, e esses são incríveis. Gente que escreve "MERDA!!!" quando seu time toma um gol. Esse pessoal sincero, que diz o que pensa; não o que está fazendo. Pois, entre a simplicidade inocente de um sentimento e as falsas intelectualidades, eu fico com a primeira!
Ainda ontem, uma amiga minha postou um vídeo do argentino Jorge Luis Borges, um dos maiores poetas de língua espanhola que já passou pela face da terra. Lindo! Fiquei feliz. As postagens legais contrabalanceiam as impertinentes. Foi como um raio de luz que cruzou a profunda escuridão na qual habitava meu feed de notícias. Respirei mais aliviado... mas minha saúde ainda está debilitada. Não sei se aguento mais uma citação do Caio Fernando de Abreu!
terça-feira, 6 de setembro de 2011
to de ressaca
Eu que não bebo há dez anos, tomei um suco de uva fermentado. Fiquei bêbada. Que ressaca.
sábado, 3 de setembro de 2011
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
o mapa está de cabeça para baixo
Existe no mundo uma pessoa que consegue ser mais desnorteada do que eu. E ela é minha amiga, veja só que coincidência. E que perigo. Corajosas que somos, saímos pelo mundo afora juntas, sem noção da nossa falta de noção. A falta de senso de direção dela somada a minha cabeça de algodão doce já nos levou a lugares incríveis. Percorremos cinco países caminhando sempre na direção contrária. Quando era para o sul, íamos para o norte. Se era para a direita, pode saber que nós saíamos caminhando para a esquerda. E a conclusão era sempre a mesma: o mapa está de cabeça para baixo! Subimos um monte de mais de 250 metros de altura, a pé, uma hora de subida, exaustão total, para tomar um banho turco. É claro que as termas do Hotel Gellèrt ficavam lá embaixo. É claro. Lá em cima do monte não tinha nada, só eu e ela. Mas não tem problema, descemos tudo de novo, já estamos acostumadas mesmo. Entramos no Gellèrt, pagamos o ingresso e lá fomos nós para o tão sonhado banho turco. Vai pra esquerda, vai pra direita, volta, passa dez vezes pelo mesmo lugar. Caminhando em círculos? Não, nós nunca conseguimos encontrar a piscina. Nunca.
E por aí vai. E por aí fomos. Bom que por essas e outras acabamos conhecendo lugares inusitados como a periferia de Budapeste, um lugar que nós jamais teríamos conhecido se não tivéssemos pego o metrô na direção errada. Mas...não queira conhecer.
Lembrei dessas histórias porque nesta semana fomos ao cinema assistir Esses amores, um dos melhores filmes que ví nos últimos tempos. Bem que eu achei estranho o público que entrava na sessão. Pessoas com nenhuma cara de quem gosta de ver um filme francês dirigido por Claude Lelouch. Uma gurizada com toca de lã na cabeça, agarrada em combos de pipoca. Sessão lotada. Estranho, muito estranho essa gente toda aqui, pensei. Eis que inicia o filme e macacos começam a correr de um lado pro outro na tela do cinema. Socorro, macacos me mordam. Planeta dos macacos. Filme errado. É claro que a nossa sala era a da direita e nós entramos na sala da esquerda. Aproveitamos a deixa da correria dos macacos e também saímos correndo. Eu já estava com saudade disso. É bom andar no contra fluxo. É bom conhecer lugares inusitados. É bom passar dez vezes pelo mesmo lugar. É bom sair do lugar comum. Virar o mapa de cabeça pra baixo. Nada disso é pecado. Pecado mesmo é quem vai ao cinema para assistir o Planeta dos macacos. Atire a primeira pedra.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
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