Fui ao show para ouvir uma pessoa cantar e acabei ouvindo outra. A Adriana Calcanhotto que eu esperava encontrar não estava no palco do Theatro São Pedro. Encontrei uma artista que eu desconhecia, com seu talento genuíno, aquele talento que a mídia insiste em esconder de nós. Nada de rasgue as minhas cartas e não me procure mais, e sim, samba, um que de maracatu, frevo e marchinha de carnaval. Adriana estava ali para apresentar o seu álbum O Micróbio do samba e mandou muito bem.
Eu que passei a tarde ensaiando a letra dos sucessos das novelas, não tive a oportunidade de cantar bonito no show. No lugar das músicas de dor de cotovelo e das propagandas do Zaffari, eu ouví samba da melhor qualidade e quase morri de rir com uma artista que dança e encena no palco como poucas. Ela serve chá como uma gueixa, samba como o Cartola e imita uma mulher sem ginga para dançar. Ao lado dela, uma mesa com objetos que caem no samba no final de cada música. O som de um secador de cabelo fazendo voar todas as folhas da partitura. O som de xícaras, píris e colherinhas sendo organizados e desorganizados em uma bandeja. Isso sem falar na banda que roubou a cena algumas vezes; um trio que tocou baixo, percussão, bateria, violão, guitarra e cavaquinho. De chorar. O show teminou com chuva de purpurina e um bis surpreendente com rock'n roll e samba, mas muito samba mesmo.
Um comentário:
Isso sem falar nas letras, que são incríveis! O micróbio do samba deveria se proliferar para encantar a cidade.
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