... Então um dia você conhece alguém que simplesmente muda o andamento da sua vida. Você consegue lembrar de como eram os seus dias antes de conhecer essa pessoa? Pode ser um grande amor, um amigo, um professor, uma paixão. Seja quem for, há encontros que reescrevem a nossa história. É um novo caminho que será percorrido a partir dessas duas pessoas que agora se conheceram. Uma nova pessoa em nossa vida é uma nova vida. Agora o mundo será visto com outros olhos. Novas coisas serão compartilhadas. Sentimentos serão mortos e enterrados enquanto outros sentimentos nascerão, loucos para viver. Surge um novo ritmo. É uma outra música no play. Isso sem falar nas inúmeras pessoas e lugares que você conhecerá só porque conheceu essa pessoa. Conhecer alguém é um novo ponto de partida. Tá, e se vocês não tivessem se encontrado? E se você não tivesse saído de casa naquele dia? Se tivesse feito um outro trajeto? Se não tivesse feito a inscrição naquele curso? Se não tivesse feito aquela viagem? Se tivesse dito não? É por isso que eu sempre me inclino pro lado do sim.
Cruzamos diariamente por centenas e centenas de pessoas que consideramos insignificantes, mas talvez uma delas, se não tivéssemos simplesmente cruzado e sim encontrado, passasse a ter uma significância enorme em nossa vida. Talvez naquela pessoa, justo nela, encontrássemos o significado de muita coisa.
O filme Medianeras nos faz refletir sobre isso através de Martín, Mariana e um terceiro personagem: a cidade. Buenos Aires. 3 milhões de habitantes. É um filme urbano e justamente por isso fala sobre desencontros. Martín e Mariana moram na Av. Santa Fé, são vizinhos e nunca se encontraram. A película mostra a influencia da arquitetura sobre nós. Janelas, paredes, muros, o sentido das ruas, elevadores, escadas, portas, medianeras - elementos arquitetônicos que podem nos aproximar ou nos afastar de alguém. As coisas construídas. As coisas que não construímos. As oportunidades e as pessoas que deixamos passar simplesmente porque não as enxergamos. Medianeras mostra de maneira nua e crua a degeneração das relações socias e o excesso das relações virtuais. Como diz Martín: “Há algo mais desolador no século XXI que não ter nenhum e-mail na caixa de entrada?”. O filme tem observações pertinentes, é inteligente e contruído de forma delicada. E eu agora estou saindo daqui da frente do meu computador que eu tanto amo e vou dar uma volta na quadra.
2 comentários:
Muito legal, Ana. Mas, "trageto"? Beijos!
Oi Mayara! ...muito obrigada pela correção. Nossa...trajeto com g é pééééssimo.... Muitos beijos.
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