sábado, 22 de janeiro de 2011

... continuação do post Minha adorável profissão

...Tão logo entrei na arquitetura, conheci o homem da minha vida. Um tipo meio complicado. Reflexivo. Olhava sempre pra baixo, parecia que catava algo no chão. Gostava de desenhar um rato e tinha um carro roxo. Um cara único. No dia dos namorados me convidou pra jantar num restaurante... com os pais dele! Um casal muito simpático que me foi apresentado naquela noite mesmo, à luz de velas.  Uma verdadeira noite de amor - a quatro. Fazíamos amor ao som do The Cramberries, tiu tiu ru tiu, tiu tiu ru tiu, tiu tiu ru tiu. Música ideal para os momentos mais picantes. Recomendo. Mas voltando à arquitetura, continuei rodando em cálculo. Sempre gostei das cadeiras de projeto, desenho e história da arte. Ia muito bem nelas. Aliás, em história da arte eu sempre tirei a nota máxima. E assim foi, nota mínima em cálculo, nota máxima em arte, nota mínima em cálculo, nota máxima em arte. Rodei na cadeira de Estruturas I e graças a isso tive a oportunidade de conhecer  uma das pessoas mais importantes e queridas da minha vida. Minha super friend, Letícia.  Arquiteta e minha quase irmã de tão amiga que é. Hoje, quase 15 anos depois, nossa amizade continua muito bem estruturada. Tudo porque rodei em estruturas. A vida é mesmo sábia.


Le Courbusier, Mies van der Rohe, o modernismo, o barroco e o ecletismo. Os frontões romanos, ou melhor, gregos,  porque os romanos copiaram a arquitetura grega. Vidros e Pilotis. Rosáceas medievais. Bauhaus. O grupo De Stijl. A secessão vienense. O cubismo. Adolf Loos. Arquitetura orgânica, arquitetura sustentável. Arts and Crafts. As flores de Otto Wagner e Antonio Gaudí. As catedrais. O Pantheon, o Coloseu e a casa da cascata de Frank Lloyd Wright. Art noveau. A revolução industrial. As colunas doricas, jônicas e coríntias.  Os maneiristas e os construtivistas russos. Fillipo Bruneleschi e Hiroshi Hara. Meus doces anos de arquitetura, a profissão que não escolhi. Abandonei o curso no sexto semestre, e segui o curso da vida. Hoje caminho pelas calçadas de Roma e sei quando estou pisando no Cardo e no Decumano, as duas primeiras ruas da cidade, criadas há mais de dois mil anos. Em Viena, me emocionei ao entrar  no prédio da secessão, porque sei as coisas que rolavam dentro desse volume sem janelas. Em Firenze, paro e olho para cima toda a  santa vez que passo pela cúpula do Duomo e agradeço por Brunelleschi ter existido um dia.  Ao entrar numa catedral da idade média, sento e fico imaginando como teria sido a vida dos homens que construiram as abóbadas e arcobotantes que há centenas de anos as sustentam em pé. Ao visitar um mosteiro na Italia, descobri que Le Corbusier passava temporadas ali como fonte de inspiração e que, os seus móveis modernos que aproveitam o espaço da casa, na verdade já haviam sido executados no ano de 1300 d.c. Eles estavam diante de mim, naquela cela de mosteiro que eu visitava agora. Enfim, tudo o que aprendi na arquitetura enriquece a minha vida e me acompanhará para sempre. Inclusive o amor pelo cara do carro roxo. Bem, resolví mudar de profissão...



(Já disse que textos muito longos podem entediar as pessoas. Continuo essa história num próximo post. Aguarde.)

3 comentários:

Unknown disse...

Já esperando pelo próximo capítulo desta saga. ;)

saritaborges disse...

Estou adorando Aninha, beijokas!

Arquitetura Paralela disse...

Que lindo aninha...amei e emocionei....
És arquiteta de todo coração pois tem sensibilidade .....
E o destino é sábio ,te encontraste na profissão que escolheste....
Te amo amiga com certeza és uma das melhores coisas que a arquitetura me trouxe!!!!