a moça sentada ao meu lado me interompeu para perguntar o nome do livro. Sem tirar os olhos da página respondi. A hora da estrela, da Clarice Lispector. E ela: Áh, adoro livros espíritas! Eles ajudam tanto a gente né?! E eu: Como assim?! Você interrompe a minha leitura e ainda fala uma asneira dessas? Brincadeira, é claro que não falei isso para a moça. Na verdade, não respondi nada. Sorri e mantive meus olhos vidrados na página que dizia assim: A quem interrogava ela? a Deus? Ela não pensava em Deus, Deus não pensava nela. Deus é de quem conseguir pegá-lo. Na distração aparece Deus.
5 comentários:
adorei! e como tem diversos universos e pessoas vivendo em cada um deles....
porque cada um vê com os olhos que tem...e eu amo ver o mundo através dos olhos teus...
Nai, e se eu te contar que o meu texto terminava justo com essa frase que você escreveu... cada um vê com os olhos que tem. Acabei tirando... para você colocar depois. Obrigada. Amo você.
assim vamos escrevendo o mundo juntas. cada uma com os olhos que tem.
As pessoas entendem dos discursos e do mundo aquilo que querem e aquilo a que se limitaram.
Quando estudei linguagem jurídica na faculdade, aprendi que a "culpa" do ouvinte não entender o discurso é do interlocutor, daquele que faz o discurso. Eu ficava furiosa com isso. Mas depois entendi, eu acho, o que isso significa. Para nos fazermos compreender, temos que conseguir entrar no mundo da outra pessoa, chegar a algum ponto comum.
Entretanto, confesso que inúmeras vezes, na prática, aprendi que isso é um desgaste de energia que muitas vezes não vale o esforço.
E eu amo esse livro! Li no colégio e fui a única da turma que gostou (queriam me fuzilar)...talvez eu tenha sido a única em que Clarice encontrou um ponto comum (tá, agora me achei...hahaha).
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