Ontem tive o prazer de rever Santiago, filme de João Moreira Salles. Santiago conhecia profundamente as dinastias e aristocracias de todo o mundo. Passou a vida estudando sobre as famílias e pessoas que definiram o curso da nossa história. E escreveu sobre elas com tamanha intimidade.
Me identifiquei demais com este homem em algumas coisas. Assim como eu, Santiago foi um incansável estudioso da família Medici, a qual ele refere-se emocionado como os adoráveis Medicis di Firenze. Essa é a nossa família preferida. Também compartilhamos do mesmo pavor e desprezo pela família Pazzi. Do amor e respeito à Bach e Cimabue. Da adoração às flores e ao estudo das línguas. E o mais incrível, Santiago se referia à Casa da Gavea - casa da família Moreira Salles onde trabalhava como mordomo - como sendo o Palazzo Pitti. Para quem não sabe, o Palazzo Pitti é um dos lugares que mais amo estar. Na primeira vez que estive lá, senti como se estivesse voltando para casa.
Santiago vestia fraque para ouvir Beethoven, simplesmente porque é Beethoven, dizia. Nas paredes, a companhia das madonnas de Rafaelo Sanzio, Gentile da Fabriano e Michelangelo. Para ele, os lutadores de boxe eram gladiadores romanos. Falava e escrevia latim com a mais linda naturalidade. Definitivamente foi um homem que viveu na época e no lugar errado.
Um filme para as pessoas que valorizam a estética, para quem tem a arte como algo sagrado e para quem sente um imenso prazer em conhecer a história da humanidade. Um filme para poucos.
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